Carlos Francisco Freixo
Sou eu responsável. Era preciso caminhar, rever amigos, rever aqueles que conviveram comigo durante toda a vida e me fortaleceram muitíssimo. Sei que eles não sabem. Mas nos encontramos diariamente. É uma necessidade humana. Multiplicamos ideias a cada encontro. Apenas desta maneira poderemos nos fortalecer e recuperar tanto tempo de indecisão, de notícias estranhas, de motivações nebulosas.
Alguns já estavam por aqui. Certos temas já tínhamos dialogado. Outros temas já tinha ouvido falar, mas precisava enfiar a cara nesse tema e tentar desvendar a pluralidade que é o ser humano, único e múltiplo. Como especialista, certos temas são o meu dia a dia, mas outros me abrem os olhos sobre o imenso universo que pede ações responsáveis, sociais, coletivas, motivadoras.
Creio que esse é um problema sério, mas meus amigos – agora começo a ver como o tempo passa rápido – já estão há anos, décadas, séculos comigo. Há um diálogo transcendental quando estão comigo, sentam-se na mesa (assim como eu-professor o fazia, sentado na mesa de uma sala de aula) e atravessamos todo o tempo em viagens de conhecimento em nosso cenário sempre diferente, embora o endereço permanecesse o mesmo.
Praticamente começo com Nando Luz que me apresenta Cassiano Ricardo em trabalhos que até aqui não tinha visto. E aí sigo com Lya Luft, Moreira de Acopiara, Clarice Lispector (com longos papos), Elisa Lucinda, Inês Bogéa, Mário de Andrade, Drummond e Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia, Monteiro Lobato, Raquel de Queiroz (esta me deixou atônito – menina incrível), Hilda Hilst (esta me fez perder a fala), Stella Leonardos (sempre minha fonte segura), Cora Coralina (muito doce e poesia), Marta Helena Cocco (iniciamos um belo papo), Nanete Neves, Adélia Prado, Ana Terra. Outros chegaram de terras mais distantes: Mia Couto, Fernando Pessoa, Sophia de Melo Breyner Andresen, Franz Kafka, Rilke R.M., Isabel Allende... Claro que conversei com Chico Buarque, Nara Leão, Elis Regina, Rita Lee e Martinha.
E a emoção ainda igualmente forte é o café diário que tomei diariamente em nosso quintal com Caroline Factum, Eliane Vani Ortega, Néia Marques, Ada Roque, Rubens Shirassu Júnior, Aparecido Melo, Maria Ângela D"Incao, Eduardo Hy Mussi (Eduardo Duarte), Regina Prieto, as irmãs Daniela e Denize Arfelli, Maria Aparecida Pereira de Souza, Rafael de Campos, Helena Cararo, Altino Correia e Sinomar Calmona, Inocêncio Erbella, Márcio Rodrigues Estamado... Desculpem-me, minha visão está embaçando... Vou me esquecer de muitos. Quero ainda encontrar muitos.
Não posso me esquecer de alguns que vieram de um tempo mais distante, e o papo foi excelente, como Dante, Lucas, João, Paulo, Mateus e Marcos. É só o princípio de nossa aglomeração. E estamos bem. Estamos melhor que antes. Vamos continuar nossa aglomeração?
Carlos Francisco Freixo, luso-brasileiro, Membro da Associação Prudentina de Escritores-APE; poeta, escritor, diretor de teatro, compositor, produtor cultural, professor; autor dos livros Nove Meses Mais; Minha Hora Plena; Cacófatos Histéoricos; 111; Que Fado é Este?; Fui Covarde.