Decisão repentina alivia mercados, mas expõe tensões e bastidores da Casa Branca.
Após forte pressão de empresários, parlamentares e governos estrangeiros, além do impacto negativo nos mercados financeiros, o presidente Donald Trump recuou parcialmente de seu plano de tarifas "recíprocas". A informação foi divulgada pelo Wall Street Journal.
A decisão, anunciada por Trump nas redes sociais, inclui uma pausa de 90 dias na aplicação de parte das tarifas, mantendo a sobretaxa global de 10% (que afeta o Brasil) e elevando para 125% a taxa sobre produtos chineses. A reunião decisiva ocorreu no Salão Oval com a presença do secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick.
Scott Bessent desempenhou um papel fundamental para persuadir Trump a adotar uma postura mais flexível, após receber inúmeras ligações de Wall Street e discutir alternativas com o presidente.
Trump admitiu que a decisão foi amadurecida "nos últimos dias" e tomada "ainda na manhã de quarta-feira", sem consulta a advogados, e redigida "com o coração" ao lado de Bessent e Lutnick.
"Não queremos prejudicar países que não precisam ser prejudicados." disse Trump.
Segundo o WSJ, mais de 75 países demonstraram interesse em negociar a flexibilização das tarifas, com o Japão liderando as tratativas. A entrevista do CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, à Fox Business, alertando sobre o risco de recessão com a nova política, também influenciou o presidente.
Enquanto Trump anunciava a mudança, o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, prestava depoimento no Congresso sobre o tema, sendo informado da alteração durante a sessão.
A postura de Trump gerou críticas no Congresso, com o deputado democrata Steven Horsford classificando a situação como "amadorismo". Apesar disso, os mercados reagiram positivamente ao anúncio inicial.
Na quinta-feira, os índices futuros dos EUA apresentaram forte queda, após uma sessão de ganhos expressivos no dia anterior, em resposta ao recuo de Trump. A volatilidade demonstra a incerteza gerada pelas políticas do governo americano, em linha com as críticas frequentes sobre a imprevisibilidade de suas decisões.
*Reportagem produzida com auxílio de IA