Heróis e Bandidos

Há milhares de anos a humanidade caminhava numa longa saga onde a sobrevivência era o desafio maior. Bons e maus momentos foram vividos e a soma dessa inestimável vivência se tornou um patrimônio riquíssimo, chamado História. Desprezar esse legado seria para nós um erro gravíssimo. Nossa grande riqueza são os nossos erros e com eles aprendemos que a dor bate forte como um grito de alerta nos ensinando que o sofrimento continua sendo o nosso melhor professor na escola da vida. "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda" alerta o Provérbios 16:18. Necessitamos sempre de bons exemplos morais e éticos em todas as esferas. Eles são nossos heróis para que possamos sonhar que tudo é possível através da raça, da motivação, do trabalho sagrado, da honestidade, da inteligência e da determinação. Uma nação verdadeira tem que ser representada por líderes de espírito empreendedor, sentimentos de patriotismo, princípios religiosos, morais, éticos e de caráter elevado. Tomamos consciência que a nossa Democracia é alimentada pela corrupção. Nossos empresários, considerados ícones do Capitalismo Tupiniquim, não vivem o que pregam, surfam num Capitalismo de Compadres, vendendo falsas ilusões que a riqueza é fruto de um trabalho competente e honesto. Nossa justiça é cega para os crimes de colarinho branco. Sabemos que o poder não corrompe os homens de bem. O homem de caráter duvidoso e ambições desmedidas é que corrompe o poder, revelando sua verdadeira face. No imaginário popular sonham e acreditam num mundo cheios de picanhas saborosas recheadas de discursos falsos, mentirosos e hipócritas. A miséria de muitos continua fazendo a alegria de poucos. O voto passou a ser uma ilusão. O sistema escolhe o dito vencedor. O slogan famoso da Revolução Francesa que dizia: Igualdade, Liberdade e Fraternidade continua sendo um sonho. A guilhotina da impunidade vai decepando cabeças jorrando desencantos e descrenças num sistema corrupto e podre. Nossa imprensa se cala diante de tantos absurdos e já não é uma imprensa livre e verdadeira, desonrando o verdadeiro ideal de um jornalismo corajoso e imparcial Nossos Generais são Carreiristas e nossa Constituição é rasgada todos os dias sob o olhar complacente de um Presidente do Senado covarde e omisso. Nossos ídolos não são mais uma referência de transformação, se transformaram em poetas da hipócrisia. Somos ingênuos quando olhamos para trás? Estamos carentes de exemplos nobres? Nesse mar de iniquidade, recorro a antiguidade e busco referência de um grande personagem histórico chamado Alexandre o Grande. Ele estava numa grande elevação se preparando para a Batalha de Gaugamela. Pela sua posição privilegiada ele via toda a imensidão do exército persa e um dos seus Generais sugeriu o ataque na escuridão que pegaria os persas de surpresa. Alexandre o Grande com sua força de caráter, sua honra, sua autoconfiança e autoestima elevada disse: " "Não quero roubar a vitória". As palavras são pequenas mas as ações são grandes. "Não devemos esquecer que o homem é aquilo que faz" disse o lendário líder muçulmano Nácer Saladim, mais conhecido como Saladino. Nossos heróis viraram bandidos? Ou os Bandidos viraram nossos heróis? Encerro com os versos de Aldir Blanc na mística canção que fez com João Bosco, Agnus Sei.

"Meu Profano amor

Eu prefiro assim

A nudez sem véu

Diante da Santa Inquisição

Ah o Tribunal não recordará

Dos fugitivos de Shangrilá

O tempo vence toda a ilusão..."

Pérsio Melem Isaac - Empresário e Cronista Político