Há um momento em que nos sentimos poderosos. Toda luz plena em nós. Mas somos ínfimos. E ao meio-dia, quando tudo se revela, somos reduzidos às solas de nossos pés. Mais um minuto começamos as sombrear a leste para nos arrastarmos até a completa escuridão que nos fecha a Oeste.
Foi assim que vingamos. Do meio da escuridão brotamos. Brotamos para ser a luz a quem de nós precisa. Quem é bom demais, não precisa de ninguém. De ninguém precisa? Engano, puro engano. Somos uma única humanidade, cheia de dúvidas, cheia de incertezas, cheia de sombras.
Enquanto cuidamos de uma flor, também disparamos bombas sobre um povo inteiro; enquanto produzimos tanto alimento, também deixamos uma população na miséria; enquanto nos apaixonamos, também geramos raiva e criamos a falta de diálogo.
Minha tristeza apenas é a falta de aprendizado, sempre estamos esquecendo o que nos acontece para voltar ao mesmo erro. E assim errantes nos apresentamos permanentemente com a mesma certeza duvidosa.
O diálogo é o único caminho onde podemos encontrar o equilíbrio entre o que queremos e o que podemos. Não posso ser feliz se a outro não encontro feliz. Não posso ser sucesso se a meu semelhante vejo em fracasso. E, se o diálogo realmente acontece, as tomadas de decisão se fazem urgentes para o dia a dia. Ao final de um ano, ao final de um mandato, veremos que as melhores realizações são as mais simples.
Claro, há quem pense o contrário.
Carlos Francisco Freixo, luso-brasileiro, Membro da Associação Prudentina de Escritores-APE; poeta, escritor, diretor de teatro, compositor, produtor cultural, professor; autor dos livros Nove Meses Mais; Minha Hora Plena; Cacófatos Histéoricos; 111; Que Fado é Este?; Fui Covarde, Oratório de São Francisco, Equipa do Batestrada, Cronos e Cromos.