O Pai da Bomba Atômica

Julius Robert Oppenheimer, considerado o Pai da Bomba Atômica, estava arrependido da sua criação. Liderou o Projeto Manhattan onde desenvolveu a tecnologia para a fabricação de armas atômicas. As mortes de pessoas inocentes de Hiroshima e Nagasaki pesavam em sua consciência. Não queria a proliferação de armas nucleares. Na Segunda Guerra Mundial, o regime nazista de Hitler, estava desenvolvendo um programa chamado Uranverein (Clube do Urânio) ou Uranprojekt (Projeto Urânio) para ter armas atômicas. Isso fez com que os Estados Unidos acordassem para esse grande perigo. Oppenheimer foi escolhido para liderar o Projeto Manhattan que começou modestamente em 1939, mas cresceu e empregou quase 130 mil pessoas e custou cerca de dois bilhões de dólares (o equivalente a cerca de 26 bilhões de dólares em tempos atuais). A Era Atômica estava nascendo e o mundo nunca mais seria o mesmo. Hirohisma e Nagasaki foram destruídas, e o Japão se rendeu e a guerra teve seu fim. A vida de milhares de soldados americanos tinham sido poupadas. Esse foi o mantra da decisão de jogar as primeiras duas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Não importa se crianças, velhos, mulheres iriam morrer, foi tudo feito para conseguir a paz a qualquer custo. O fim justificaria os meios e a a insensatez humana mais uma vez provou que não tem limites. O anos se passaram e numa visita ao Presidente Harry Truman, Oppenheimer expressou seu verdadeiro sentimento dizendo que suas mãos estavam cheias de sangue. Esse gesto e essa atitude deixou o Presidente Harry Truman contrariado, pois ele que tinha tomado a decisão de jogar as bombas em Hiroshima e Nagasaki: "Eu disse a ele que o sangue estava nas minhas mãos – e que eu deveria me preocupar com aquilo". Truman não gostou. Encerrou a conversa e, furioso, chamou o físico de "cientista chorão" pelas costas. "Ele tem metade do sangue que eu tenho nas mãos. A gente simplesmente não sai por aí se lamentando por isso", afirmou. "Não quero ver esse filho da p. nunca mais neste escritório." Foi o único e último encontro dos dois e foi catastrófico. Oppenheimer queria evitar a corrida armamentista, mas se esqueceu que o poder sempre será maior que a inocência. Acabou perseguido pelas autoridades norte-americanas e teve sua carreira manchada até o fim de seus dias. Foi acusado de ser um agente da União Soviética. Somente em 16 de novembro de 2022 , a Secretária de energia dos EUA, Jennifer Granholm, escreveu em um comunicado alegando que a decisão original da AEC sobre a autorização de segurança de Oppenheimer fazia parte de um "processo falho que violou os próprios regulamentos da Comissão". Oppenheimer faleceu em 18 de fevereiro de 1967 de câncer na garganta. Oppenheimer não foi apenas o "pai da bomba atômica", mas também como o cientista que explorou o coração dos átomos, desvendou os segredos das estrelas e sondou as profundezas do espaço-tempo. Sua história, como seu legado científico, é muito mais do que a criação de uma única arma. É uma história de paixão, curiosidade e a incessante busca pelo conhecimento – o espírito verdadeiro da ciência.

Pérsio Melem Isaac - Empresário e Cronista Político