Política POLITICA

Especialista alerta sobre o impacto da inteligência artificial nas eleições 2024

De acordo com Kleber Santos, nenhuma eleição foi tão impactada por conteúdos falsos como será a do próximo ano

Por PORTAL GRANDE PRUDENTE

06/12/2023 às 07:23:25 - Atualizado há
Kleber Santos é especialista em ciência política e em comunicação eleitoral

Considerada a primeira eleição da era da inteligência artificial com ferramentas como o ChatGPT, o pleito municipal de 2024 entrou, na última semana, na pauta da Justiça Eleitoral para estudos e possível criação de uma regulamentação específica.

Segundo o ministro Floriano de Azevedo Marques, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, determinou que a Escola Judiciária Eleitoral realize estudos e indique os melhores meios para combater as chamadas "deepfakes", que em 2024 contará com tecnologia poderosa e acessível, trazendo riscos para o processo eleitoral. Essa ferramenta permite a produção de vídeos fraudulentos, nos quais candidatos são retratados realizando ações que nunca ocorreram. Além disso, é possível criar fotos de situações fictícias e até mesmo replicar a voz de um candidato proferindo palavras que nunca foram ditas.

TSUNAMI

"O que presenciamos no mundo virtual nas últimas eleições é apenas um vento de intensidade média perto do tsunami avassalador que é a nova inteligência artificial, a família fake news 2.0, que já está entre nós. Não se trata mais de simplesmente colocar a cabeça de alguém no corpo de outra pessoa. Agora é possível ir muito além, criar fatos e situações, integrar ficção com realidade de maneira realística", alerta o especialista em ciência política e comunicação eleitoral, Kleber Santos.

Segundo ele, o recurso está sendo usado para criar mentiras tão perfeitas que dificilmente alguém desconfia como aconteceu nas recentes eleições na Argentina. "A preocupação é que nos últimos meses houve um avanço na tecnologia e ela está acessível na Internet. Neste momento, qualquer um pode ser gerador de conteúdo fake para tentar influenciar a população e a mídia. Em resumo, a IA democratizou a desinformação", acrescenta o especialista.

ÁUDIO

Kleber acredita que, no Brasil, um dos maiores desafios nas eleições do próximo ano será o áudio falso. "É muito mais fácil de produzir porque, com apenas um comando, os aplicativos constroem frases falsas usando a própria voz do candidato. Além disso, os brasileiros gostam de enviar áudios para amigos e compartilhar em grupos do WhatsApp, Telegram, entre outros", afirma.

Ao ser questionada, a Meta, empresa dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, avisou que exigirá, a partir de 2024, que anúncios sobre política e eleições tenham alerta, se foram feitos com o uso de inteligência artificial.

Kleber Santos entende como boa a iniciativa e pontua que o Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação do TSE conta, atualmente, com mais de 150 parceiros trabalhando em conjunto no combate a fake news e deepfake. Além disso, a Justiça já coloca à disposição das vítimas mecanismos legais como o código eleitoral, que proíbe a manipulação de conteúdo com o intuito de enganar o eleitor e prevê penas severas. "Portanto, o fato de não existir ainda uma legislação específica para o uso de IA, não quer dizer que quem cometer esse crime ficará impune" alerta Kleber Santos.

PRINCÍPIOS

Para o especialista, a melhor forma do candidato se proteger nesse ambiente de guerra tecnológica é ser o mais humano possível. "A eleição é um processo emocional, assim a intensidade da conexão afetiva continuará sendo a força mais poderosa na escolha final dos eleitores, isso não depende de nenhuma ferramenta de inteligência artificial".

Kleber é pós-graduado em Neurociência Política e, nos últimos anos, vem estudando como se dá o processo emocional da tomada de decisão do voto. Ele dá uma dica valiosa aos pré-candidatos: os últimos resultados eleitorais no mundo todo têm demonstrando que o candidato vitorioso é aquele que alinha seus valores e princípios com os valores e princípios dos eleitores, resultando em confiança plena.

"Atingir esse nível de confiança não é da noite para o dia. É um processo que tem que ser cultivado a longo prazo por meio de uma convivência transparente e respeitosa com o eleitor, tanto no virtual quanto no presencial. Quanto mais alto o candidato elevar seu nível de credibilidade, mais ele será blindado dos ataques. O ápice é que o eleitor, além de não acreditar, ainda se sente como se o agredido fosse ele próprio, e ajuda a contra-atacar", finaliza.


Fonte: JCNET/Sampi




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