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Dois cães a passeio

Por PORTAL GRANDE PRUDENTE

03/06/2023 às 13:28:56 - Atualizado há

Nunca tive animal de estimação. Admiro. Acho bonito. Mas não sei cuidar. Nunca cuidei até este momento. Gosto de apreciá-los na natureza, vivendo sua própria natureza.

Soube de um caso de uma pessoa que adorava pássaros. Queria tê-los ao pé de si. Pesquisou e deu uma solução: comprou uma ampla área, plantou árvores frutíferas que os pássaros de seu gosto apreciavam e o resultado foi fascinante: pássaros passaram a vivenciar naquele espaço.

Os tais animais domesticados foram ocupando seu espaço. Nem todos porém têm casa, comida e roupa lavada para estarem bem. O caminho das ruas é o que seguem. E aí também o aprendizado. Não o aprendizado que os apaixonados por animais ensinam, mas a vivência instintiva das ruas e a infeliz necessidade de passar por pessoas humanas que enfeiam este adjetivo.

O dia era especial. Lançamento de dois livros (sempre especiais) por mim. A hora se aproximava. Tânia manda o recado que estava chegando. Como apaixonado que estou, fui até o Portal do Centro Cultural Matarazzo. É o Portal que delimita o lado de cá com o lado de lá, ou o contrário, tanto faz. Como um muro. Como uma parede. É uma parece de madeira. No bulevar, o espaço amplo e aberto se encontra. Mas...

Ao chegar ao Portal na direção da Rua Quintino Bocaiuva, em vez de olhar para a direita (de onde Meu Amor chegava, olhei para a esquerda. Na calçada dois cachorros se aproximavam. Parei. Os dois cachorros pararam (um maior, outro menor – parecia-me de raças diferentes. Eu parado. Eles parados. Eles me olhando. Eu a eles olhando...

Não tive dúvidas. (embora as tivesse). Atravessei na faixa para o outro lado da rua. Os dois cachorros retomaram a caminhada. Chegaram ao Portal. Entraram no Bulevar Os Sombras e Os Temperamentais.

Está bem: bulevar é Rua larga e geralmente arborizada; uma avenida.

Mas foi esse o nome dado ao espaço aberto, uma bela área de convivência.

Pois bem... Caminhando lentamente, sem olhar para os lados, atravessaram o Portal, atravessaram o bulevar até a outra rua e entraram na noite. Foram bem. Devem estar bem.


Carlos Francisco Freixo, luso-brasileiro, Membro da Associação Prudentina de Escritores-APE; poeta, escritor, diretor de teatro, compositor, produtor cultural, professor; autor dos livros Nove Meses Mais; Minha Hora Plena; Cacófatos Histéoricos; 111; Que Fado é Este?; Fui Covarde, Oratório de São Francisco, Equipa do Batestrada, Cronos e Cromos.

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