LITERATURA

Não sei por onde começo

Por PORTAL GRANDE PRUDENTE

17/10/2023 às 15:27:56 - Atualizado há

Não sei por onde começo. E pelo começo seria tão óbvio para os tradicionais conceitos. Mas não para a realidade que se apresenta. Já atravessamos o conhecimento e ainda somos iletrados, analfabetos, ignorantes. Nosso consolo, estranho consolo, é lembrarmos de um passado que foi superado, mas poderia ter sido melhor. Não foi. Portanto é preciso rever nosso modo de pensar o dia de hoje.

A sociedade muda diariamente e diariamente permanece no atraso. Desprezamos o estudo, o conhecimento, a pesquisa e as novidades que podem surgir a partir do olhar do estudante. Afinal, estudamos o que já foi estudado, pesquisado, definido. Mas as mudanças são diárias. Os estudos e previsões precedem as possibilidades. Nosso mal é não entendermos o que há décadas, séculos, milênios todos sabem – e atualmente esquecem a essência.

Vivemos falando em reformas. Reformas são necessárias? Pelo que normalmente vejo, derruba-se o que está de pé e constrói-se praticamente o mesmo, com mesmos defeitos, com mesmos erros, com a mesma ignorância. Todos os temas são possíveis aqui, mas vou me deter na educação. Alguma dúvida da base fundamental de um país, de uma sociedade?

Quando falamos de estudo, parece que a única preocupação é com ENEM/VESTIBULAR. Aqui é nova etapa e, quem já estudou durante 12 anos, vai apenas para outra etapa em que se exige agora um estudo específico, dentro da carreira profissional que se deseja seguir. Ainda assim, todo o conhecimento desses 12 anos de estudo, como foram realmente realizados? Qual a responsabilidade em trazer conhecimento e leveza ao que diariamente se pede? Em que condições esses estudos foram realizados? Que oportunidades foram dadas para o máximo de apreensão do conhecimento fosse efetivo? Em que condições de ambiente os estudantes estiveram para que o estudo fosse plenamente realizado?

Assustei-me em ver reportagem em que se chama a atenção para a data final de inscrição e as datas já previstas para as provas. Enquanto isso, os últimos estudos para recuperar o tempo que não tem mais recuperação. E o estudo preparatório para o vestibular, última hora, últimas dicas, últimas possibilidades de aprender o que não se aprendeu durante 12 anos. E os cursinhos paliativos para que os últimos sejam os primeiros. Conhecimento não é assim que se faz, de última hora.

Pior: numa primavera em que os termômetros batem a temperatura de verão – tudo isso já era previsto, mas só falamos da economia capitalista – um ambiente de estudo inadequado, todos os estudantes se abanando para "refrescar-se" um pouco das temperaturas elevadas. Tomara que me engane, mas esses estudantes têm alguma chance? E no meio de todos os que mantinham na temperatura elevada, seu desejo de chegar lá, o que eu vejo como abanador para nossa primavera de 40 graus?

Um livro/peça/filme de autoria de Gianfrancesco Guarnieri servindo de leque numa aula decadente.


Carlos Francisco Freixo, luso-brasileiro, Membro da Associação Prudentina de Escritores-APE; poeta, escritor, diretor de teatro, compositor, produtor cultural, professor; autor dos livros Nove Meses Mais; Minha Hora Plena; Cacófatos Histéoricos; 111; Que Fado é Este?; Fui Covarde, Oratório de São Francisco, Equipa do Batestrada, Cronos e Cromos.

Fonte: Carlos Francisco Freixo

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